Os sintomas da EMAP evoluem ao longo dos anos, e podem variar bastante entre diferentes pacientes. Para dar uma ideia de como a doença afeta a pessoa, dividimos os sintomas em fases, de acordo com a descrição feita por diferentes pessoas. Portanto, é importante deixar claro que tais sintomas podem variar no aspecto e no tempo em que se apresentam. Cada pessoa tem sua própria evolução, não havendo um padrão rígido de sintomas entre diferentes portadores da doença.
A EMAP é comumente caracterizada pela perda progressiva da visão central que, na medida do tempo passa, se expande para as áreas mais periféricas da visão. Esta perda começa com pequenos sinais, em geral na casa dos 40-45 anos, evoluindo e se tornando notória já na casa dos 50-55 anos. A idade pode variar muito de acordo com cada pessoa, mas estas são as faixas etárias comumente relatada em nosso grupo e na literatura científica a respeito de EMAP.
A princípio, como apresentado abaixo, temos relatos bem típicos de percepções iniciais da EMAP:
"Comecei a ver textos desalinhadas durante a leitura ou observava linhas distorcidas numa planilha no computador. O que deveria ser reto estava desalinhado."
"Notei que, ao verificar a lista de mensagens no Gmail no celular (um título de mensagem sobre o outro), quando focava na mensagem superior, conseguia ver também a de baixo, mas não via as duas seguintes (terceira e quarta). Elas ficaram borradas, mas minha visão periférica conseguia ver a quinta e a sexta mensagem da lista. "
"Procurando um pequeno frasco na mesa lisa, simplesmente não via, pois ele estava na área já danificada da visão pelo EMAP. Precisava varrer o campo visual para perceber o frasco que 'surgia' do nada na minha frente quando focava noutra área da mesa."
"Não conseguia ver contrastes suaves, identificar coisas e pessoas sem luz intensa sobre elas, como durante a noite ou sob sombra. Passei a usar uma lanterninha com frequência, até para acertar os botões do elevador".
"Tinha muita fotofobia, não suportava luz entrando pela janela onde morava. Quando ainda dirigia, à noite, tinha a impressão que todos os carros estavam com o farol alto aceso, me ofuscando com facilidade."
"Via flashes de luz forte em vários momentos do dia. Aquilo importunava, até doia. Tinha que fechar os olhos com o reflexo sobre a percepção de uma luz forte de flash que não existia a não ser internamente."
As figuras abaixo simulam a diferença do que é visto normalmente com o que é visto por um portador de EMAP em seu estágio inicial. Portanto, é uma simulação do problema, relatado por quem tem a doença. É útil para o entendimento de familiares sobre o que pode estar ocorrendo com um portador de EMAP. Note que são exemplos, podendo ser diferente da realidade de um portador em específico.
Abaixo segue a imagem de uma mala com algumas coisas dentro. A foto original mostra claramente o contraste entre os objetos, enquanto este contraste é em muito perdido por quem tem EMAP, justamente porque a mácula é responsável pela distinção de contrastes suaves.
Abaixo ao focar num dos spots de luz, os spots vizinhos são omitidos pela área de visão afetada pela EMAP, caracterizada por uma "nuvem" cinza. Tal "nuvem" corresponde justamente à área da mácula onde já há prejuízo ocasionado pela EMAP, identificado no exame de retinografia fluorescente.
Abaixo são mostrados o campo de visão real e a simulação do que é percebido, com áreas turvas circulando o foco central do portador de EMAP. Perceba que a já citada "nuvem" encobre parte do campo visual do portador de EMAP, tornando a atividade de dirigir algo arriscado.
Note que o caso relatado pelas simulações acima apresenta um "buraco" na nuvem que se forma no foco central da visão. Este "buraco" era grande como visto acima mas foi fechando ao longo do tempo. Fechou totalmente no olho esquerdo, embora ainda tivesse um "buraquinho" no olho direito quando este texto foi escrito, relata o portador de EMAP relacionado às simulações acima.
Independente de casos particulares, é comum a perda de sensibilidade ao contraste suave, o que gera a necessidade de muita iluminação para obtenção de alto contraste no que se foca para se enxergar minimamente. A visão central fica embaraçada, às vezes por conta de um dos olhos, mais afetado do que o outro, às vezes tendo os dois olhos afetados na mesma intensidade, a depender de cada caso.
Ao se ter tal dificuldade de visualização do foco central da visão, intuitivamente aumentamos o tamanho da letra do celular, bem como o nível de luz da tela. Também aumentamos a necessidade de dar zoom em imagens para se entender do que se tratam. Pois a EMAP torna desafiador a interpretação, o entendimento, de uma imagem mais rica em detalhes.
Estas são apenas alguns depoimentos e algumas simulações, com base em relatos de quem tem a doença. A partir do diagnóstico feito mediante a primeira percepção de dificuldade visual até a fase avançada da doença, pode passar entre 1 e 5 anos. Mas sempre é bom ter em mente que cada pessoa sofre de EMAP com sintomas bem particulares. Portanto, tais simulações servem apenas para ter uma noção de como os sintomas surgem para alguns pacientes.
Ao passar do tempo, a nuvem cinza claro mostrada nas simulações acima começa a tomar forma depois de alguns meses ou anos (de acordo com cada portador). Nos estágios avançados da doença, uma nuvem escura ou turva toma a visão central da vista, até obstruir totalmente tal área.
Abaixo temos uma simulação genérica do que ocorre com o portador de EMAP (também serve para portadores de DMRI). A nuvem presente no foco central da visão, antes cinza ou turva, escurece e segue aumentando seu diâmetro ao longo dos anos.
É importante citar que, na maioria dos casos, resta a visão periférica, já que a EMAP implica na atrofia da mácula , responsável ela visão central. Assim, mesmo em estágios avançados, quase sempre há uma área de visão periférica remanescente. Tal afirmação, obviamente, refere-se à maioria dos pacientes, já que cada um tem a evolução da EMAP (tempo e características) de forma personalizada.